segunda-feira, 23 de março de 2009

Retornando

Agradeço todas visitas ao blog e os recados deixados...tenham a certeza que são estas palavras de incentivo que nos momentos de dificuldade impulsionam a caminhada. Obrigada!
Estou há algum tempo sem atualizar o blog, por culpa do tempo.
Bom, neste período aconteceram mtas coisas como: o ingresso de 04 novas bolsistas no setor e a conquista do espaço para a ampliação da SSM. Vale lembrar que com a ampliação da Sala passaremos a oferecer mais um opção de lazer aos pacientes, a arteterapia, que ficará disponível durante todo o dia. Já estou buscando doações de materiais como: linhas, lãs e agulhas para crochê e tricô; pedras diversas para bordado, retalhos de tecidos, etc...e tudo mais que vc imagina ser necessário para iniciar a atividade. A arteterapia será desenvolvida por uma servidora que muito competente e apaixonada pelo que faz, o que considero muitissimo importante para que a idéia de certo.
Ah, não posso deixar de falar que os pacientes seguem, cada vez em maior número, vistando e utilizando os serviços da SSM.

sábado, 24 de janeiro de 2009

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Equipe que faz acontecer na SSM

Várias pessoas são responsáveis pelo desenvolvimento das atividades da SSM: 4 bolsistas, 2 voluntáriass e os usuários do serviço, dentre outroas. Sim, os usários são a razão de existir da SSM, sem eles poderiamos fechar as portas. A inexistência de profissional do quadro efetivo é o maior problema enfretado no cotidiano. Como trabalhamos com bolsistas e voluntários nosso futuro é sempre uma incógnita e, isto obriga o uso frequente do plano B. Mas, me conta onde não encontramos dificuldade? Vou providenciar uma foto da equipe para postar aqui.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Reconhecimento do trabalho desenvolvido na Sala de Leitura do HU/UFSC


Menção honrosa, recebida do Rotary Clube de Florianópolis - Amizade, em 22/09/2008 como sinal de reconhecimento ao valor social do trabalho desenvolvido na Sala de Leitura do HU/UFSC.


"O Ministério da Cultura, através do Programa Mais Cultura, tem a honra de informar que seu projeto foi SELECIONADO no I Concurso Pontos de Leitura 2008 – Edição Machado de Assis." Prêmio: Kit contendo: no mínimo 500 obras, computador, impressora, estantes, escrivaninha, cadeira giratória, etc...etc...

Participação Sepex - Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC

7ª SEPEX - 22 a 25 de outubro de 2008 - Foi elaborado um vídeo das atividade da Sala, distribuído livros do Projeto Educar da Dpaschoal e marcador de página da Sala que foi confeccionado exclusivamente para o evento. O Grupo Reaja participou todos os dias e a Linda- demonstradora da Natura também participou deixando mais belas as mulheres que visitavam o estante. Foi disponibilizado uma caixa coletora de livros onde foram doados mais de 100 obras de vários gêneros. A participação dos visitantes superou a expectativa.

6ª SEPEX - 16 a 19 de maio de 2007 - Foi exposto um painel com fotos das atividades desenvolvidas pela Sala de Leitura e outro com depoimentos dos pacientes. Foi levado algumas das atividades para apresentar aos visitantes. Para tanto, contou com a presença do Grupo Reaja que cantou e dançou com os visitantes, da Linda - demonstradora da Natura que fez a maquiagem das pessoas que visitavam o estante e o do poeta Geraldo do Grupo de Poetas Livre que recitou belas poesias para o público. Foi um sucesso.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Resultados

Embora números demonstrem serem os serviços oferecidos pela Sala de Leitura bem recebidos pelos usuários e funcionários do HU/UFSC, não há como esconder que o melhor dos resultados reside nos sentimentos de alegria, respeito e valorização expressados nos semblantes dos pacientes internados e acompanhantes com a chegada do simpático “Barney”, denominação dada ao carrinho, repleto de livros. A escolha da obra a ser lida, a troca de opiniões sobre determinados autores e títulos, além de toda e qualquer forma de interação e divertimento que esse ato tão simples provoca nas pessoas que se encontram internadas representa algo extremamente gratificante e recompensador. Assim, também é visível a satisfação do público em questão quando, exaustos pela permanência em seus leitos, dirigem-se à Sala de Leitura para ler o jornal do dia, folhear uma simples revista de fofocas, iniciar uma agradável leitura espírita ou, até mesmo, envolver-se em um denso romance policial. Da mesma forma, é nítida a serenidade dos pacientes quando, após um encontro virtual com familiares e amigos, constatam que todos estão bem e sentem muito a sua falta. Diante de todos esses efeitos provocados pela leitura, fica evidente que pacientes, acompanhantes e funcionários carecem de um hospital menos frio e distante. Frieza, essa, demonstrada pela enfermeira em caricatura que, logo na entrada da instituição, solicita o silêncio de todos. Distância que, proporcional ao tempo de permanência em um leito, leva a sensações de medo, angústia, monotonia e ansiedade. Logo, espera-se que todo o desalento provocado pela hospitalização não tenha como remédios tão-somente as paredes e tetos brancos, mas também a arte, expressada principalmente pela leitura que, somada à música, ao teatro ou à dança, pode ser capaz de “arrancar” sorrisos e alegria de faces mergulhadas na incerteza e, principalmente, na tristeza e na amargura. Espera-se mais. Espera-se que a leitura e toda e qualquer forma de arte não seja capaz apenas de arrancar esses sorrisos perdidos nos gélidos quartos. Espera-se que a “viagem”, a alegria e o riso proporcionados pela leitura possam ser, sim, aquele remédio cuja dose dissipará a dor que atormenta e angustia o paciente mergulhado em um sofrimento que, aparentemente, parece não ter fim.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Parceiros

Reaja: são pessoas interessadas e dispostas a construir um mundo melhor. Apoiados na verdadeira visão cristã ressalta a importância do amor. “Fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós” Por isso somos “Gente ajudando gente a fazer um mundo diferente”. http://www.reaja.com.br/
Associação de Senhoras de Rotarianos de Florianópolis.
Atelier Sabine Van Rooij: http://www.sabine.art.br/

Atividades desenvolvidas pela Sala de Leitura Salim Miguel



Pacientes internados e acompanhantes: empréstimo de material de leitura para os pacientes internados e seus acompanhantes é realizado todas às 3ª e 5ª feiras no período da tarde, quando funcionários da Sala de Leitura percorrem todas as unidades de internação, passando de quarto em quarto com um carrinho de livros, revistas e gibis. Os pacientes que podem deambular, se desejarem, podem fazer o empréstimo de material direto na Sala de Leitura. É promovido, semanalmente, apresentação de atividades artisticas e culturais como: dança, teatro, recital poético, dentre outras. É disponibilização de computadores com acesso a internet.
Pacientes externos (aqueles que procuram o hospital para consultas e/ou exames): uso da sala para leitura de livros, revistas, gibis e jornais; disponibilização de computadores com acesso a internet e; disponibilização e manutenção de porta-revistas fixados em todos os locais de espera para consultas e/ou exames.
Funcionários: empréstimo de livros e; orientação na normatização de trabalhos técnico-científicos.

Sala de Leitura Salim Miguel - HU_UFSC


A Sala de Leitura Salim Miguel (SSM) foi inaugurada no dia 08 de novembro de 2005, com o objetivo de incentivar o hábito da leitura, contribuir com o processo de humanização, além de agregar valor aos serviços oferecidos pela instituição. Possui um acervo doado pela comunidade e instituições, com quase 2.000 obras de vários gêneros como: literatura infantil, literatura brasileira, literatura estrangeira, auto-ajuda, dentre outras, além de revistas, gibis e jornais.

Humanização

Nos dias atuais, a preocupação com a humanização tem sido uma busca incessante, seja no local de trabalho, nas famílias e/ou nos hospitais. A reflexão sobre a necessidade de humanização nos estabelecimentos de saúde do Brasil se intensificou a partir do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH, 2000). Para Ferreira (1999), humanização é “1. Tornar humano; dar condição humana a; humanar; 2. Tornar benévolo, afável, tratável; humanar. 3. Fazer adquirir hábitos sociais polidos; civilizar”. A humanização, no contexto interdisciplinar, presume um ambiente de cuidado humano, estabelecendo-se em um dever humano e não apenas um dever exclusivo de uma classe profissional. Para Silva (2000), o poder de transformar pelo amor e pela compaixão nunca foi privilégio de pessoas santas ou especiais. A coragem e a compaixão não são dons especiais de nenhuma seleta minoria; são instrumentos de cuidado. Nesse campo, a proposta de humanização do Ministério da Saúde defende a necessidade de desenvolvimento de uma nova cultura de atendimento e/ou cuidado humanizado e que o trabalho em equipe é uma estratégia valiosa para a discussão e aprofundamento da temática, no âmbito da saúde. Diante do exposto, é preciso estar atento para que a humanização não se limite apenas a uma condição de status para a organização, pois, o atendimento humanizado envolve mudança de atitudes e comportamentos, o que exige dos profissionais uma articulação que vai do conhecimento técnico-científico aos aspectos afetivos, permitindo que o coração se manifeste nas relações diárias de trabalho. Assim sendo, para Selli (2003), um hospital humanizado é aquele que em sua estrutura física, tecnológica, humana e administrativa, valoriza e respeita a pessoa humana, seja na condição de paciente ou de trabalhador. O ambiente de cuidado humano pressupõe, dentre outros, um debate reflexivo sobre a vida institucional, acerca das dificuldades frente ao mundo do trabalho e metas a serem alcançadas além, da participação coletiva na tomada de decisões. Assim, é fundamental a comunicação eficaz entre as diversas equipes de trabalho visando, desse modo, a troca social e das experiências significativas de cada um no mundo do trabalho. Para Almeida (apud BACKES; KOERICH; ERDMANN, 2007), "O grande desafio da humanização está em rejuntar/religar as indagações, os saberes e, principalmente, os valores éticos, morais e sociais. Redesenhar um novo horizonte, afastado do debate reducionista voltado para os direitos individuais e mais preocupado com o resgate de conceitos mais abrangentes relacionados à dignidade humana e à desconstrução dos particularismos para a construção da ecologia do conhecimento humanizante". É possível perceber que, para alguns, a humanização está relacionada às convicções religiosas, na qual todos os filhos de Deus merecem ser bem atendidos, com dignidade e respeito. Para muitos, a humanização está relacionada a um ambiente luxuoso, pressupondo que um ambiente agradável contribua no restabelecimento do paciente. Há ainda os que acreditam que humanizar é ter acesso à tecnologia de ponta. Acredita-se que todas as iniciativas são válidas desde que haja sensibilidade de todos os profissionais, além do comprometimento com a dignidade da pessoa humana.

Hospitalização, lazer, humor/riso

Em nosso país muito se fala em lazer, mas pouco se sabe sobre ele. Assim, antes de se começar a discorrer sobre o tema, se faz necessário defini-lo. Para Dumazedier (1976, p. 16), Lazer é "um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais". Segundo Marcelino (1996, p. 4), é recente a preocupação de pensadores e pesquisadores brasileiros quanto à questão do lazer que ainda encontra-se “vinculado à urbanização da vida nas grandes cidades”. Acredita-se que foi devido à redução da carga horária diária de trabalho conquistada através da revolução industrial que as pessoas começaram a ter o chamado tempo livre. Porém, torna-se mais difícil ocupá-lo com algo importante a ser feito, mesmo que tais atividades sejam de lazer e, por serem assim, imprescindíveis ao bem-estar social, está cada vez mais difícil de preencher esse tempo na sociedade em que se vive (LEANDRO, 2006). Leandro (2006) segue afirmando que “As atividades de lazer, por estarem diretamente ligadas com o prazer intrínseco de quem participa, ocupam a mente e o corpo, e, por conseguinte não os deixa tornarem-se ociosos”. Essa afirmativa deixa evidente que as atividades de lazer devem ter caráter desinteressado, ou seja, que a pessoa deve fazer o que gosta, aquilo que lhe faz bem mesmo que para isso fique “fora da moda”. Para Marcellino (1996, p 17), “A realização de qualquer atividade de lazer envolve a satisfação de aspirações dos seus praticantes”. Segundo o autor, é certo que as atividades de lazer devam estar de acordo como o modo de cada pessoa. Ainda, conforme o referido autor, as seis áreas de interesse abrangidas pelos conteúdos de lazer são: artística, que engloba todas as manifestações artísticas; intelectual, as participações em cursos ou a leitura, por exemplo; esportiva, todas as atividades nas quais prevalece o movimento; manual, é delimitada pela capacidade de transformar objetos ou materiais; turística, passeios e viagens e; social, quando se busca, principalmente, os relacionamentos. O lazer, segundo Fernandes (2007) possui três funções: a primeira diz respeito ao que chamamos de descanso. É a liberação do cansaço, da fadiga. “Nesse sentido o lazer tem a função de restaurar as energias físicas e mentais dos indivíduos perdidas nas mais diversas atividades humanas”. A segunda função do lazer compreende divertimento, recreação e entretenimento, “a busca de uma vida de complementação, de compensação e de fuga por meio do divertimento e evasão do mundo diferente, e mesmo diversificado, daquela que enfrenta diariamente”. A terceira função do lazer relaciona-se ao desenvolvimento da pessoa humana. Essa é uma função que “proporciona ao indivíduo uma participação social maior e com mais liberdade”. Raposo e López (2006) realizaram estudo junto a portadores de lesão medular na faixa etária de 18 e 53 anos, com o objetivo de identificar suas concepções de lazer e as atividades que gostam de realizar durante o lazer. Os resultados demonstraram que, para 50% dos pacientes entrevistados, lazer significa diversão, seguido de 20% que consideram lazer como descanso. Quanto às atividades que gostam de realizar durante o lazer, as mais citadas foram as atividades manuais (87,8%), sociais (78,7%), intelectuais (72,7%), turísticas (60,6%), artísticas (57,5%) e esportivas (48,4%).
Resultados de uma pesquisa realizada com 32 pacientes internados no Hospital Universitário da USP, para verificar o interesse dos pacientes quanto à necessidade ou não de atividades lúdicas durante o período de internação, demonstraram que, para 96,88% dos entrevistados, é importante a existência de atividades recreativas “pois assim poderiam se encontrar, interagir, compartilhar as experiências da doença e da internação”. Foram citadas, ainda, 148 atividades recreativas de interesse. As mais citadas foram: “ouvir música (18,92%); escrever cartas, diário e palavras cruzadas (17,57%); [...]; ler livros 14,19%)” (ENSAIO..., 2006). Os resultados colocam em evidência que, independente da faixa etária, o lazer pode ser considerado um item relevante na qualidade de vida das pessoas, em especial as hospitalizadas. Há alguns anos, para a ciência, era quase uma heresia afirmar que existia uma vinculação direta entre o humor e a boa saúde. Atualmente, a medicina, em geral, estuda muito a importância do bom humor, dos bons sentimentos e da afetividade sadia na qualidade de vida e na saúde global da pessoa. O humor é um estado de espírito, muitas vezes é um remédio para soluções de problemas, geração de idéias e para a criação. [...] Como diz o ditado ‘quem canta seus males espanta’, eleva auto-estima, desopila o fígado, para algumas pessoas leva ao entendimento da razão de viver, como para outros é a forma de viver e outros o meio para viver, como nos casos dos artistas (FELIPPE, 2004). Ballone (2005) afirma que os efeitos do bom humor sobre a saúde física são tão evidentes que uma boa e sincera risada pode ter a importância de uma sessão de ginástica. Em estudo realizado por Miller (apud BALLONE, 2005), foram exibidos trechos de dois filmes, um cômico e outro dramático, para 20 voluntários cujo sistema vascular estava sob observação. A investigação centrou-se no comportamento do endotélio, que se contraiu nas cenas mais tristes, reduzindo a passagem do sangue em 14 dos 20 voluntários. Por contraste, quando os espectadores riram nas cenas cômicas, o sangue fluiu muito mais livremente em 19 deles. Conforme artigo publicado na Revista Viver Nutrilite, a química e cientista Conceição Trucom, autora de um livro sobre a relação do bom humor com a saúde das pessoas, explica que o bom humor é uma qualidade 100% espiritual. Ele vem da alma e se manifesta pela criatividade, flexibilidade e adaptabilidade. O bom humor nos permite rir das pressões, da rigidez e dá espaço para sairmos destas estruturas que nos cegam e muitas vezes nos fazem sofrer, permitindo-nos, assim, enxergar saídas e soluções, e nos dá oxigênio novo para crescer. Patch Adams, no filme protagonizado por Robin Williams, conta a história de um estudante de medicina esforçado, de todas as maneiras possíveis, em mostrar a importância de humanizar a profissão médica, bem como a importância do humor como meio para atingir o bem-estar dos doentes. Para Adams e Mylander (2002, p. 106) “As pessoas precisam de risada como se ela fosse um aminoácido essencial. Quando as dores da existência nos oprimem, precisamos urgentemente de um alivio cômico. [...] Contudo, o humor é negado ao mundo adulto”. Os autores seguem afirmando que o meio acadêmico faz pouco para que os futuros profissionais desenvolvam a capacidade de aliviar momentos tensos, que os hospitais ainda são conhecidos pela sua atmosfera triste, melancólica e fúnebre e, ainda que um pouco de humor só é encontrado no horário de visita. Siegel (2006, p. 29) refletindo sobre a hospitalização comenta que [...] raras vezes a instituição hospitalar é hospitaleira. [...] por que os arquitetos, pelo menos, não pensam em tetos mais bonitos, já que os internados passam tanto tempo olhando para cima. Há um aparelho de televisão em cada quarto, mas onde está o vídeo musical, criador, meditativo ou humorístico que ajude a estabelecer um ambiente saudável? Que liberdade se dá aos doentes para que mantenham sua identidade? É grande o número de pessoas que tem pavor de hospital, além de experiências traumáticas quando precisam ir a um, porém, segundo Adams e Mylander (2002, p. 111), se grandes esforços forem feitos, é possível mudar este cenário, pois “o serviço a pessoas na sua dor e sofrimento deveria – e pode – trazer completude. Chamemos o humor para dar-nos uma mãozinha e façamos a medicina alegre”.

Hospitalização

A hospitalização, independendo da gravidade da doença, é um processo que causa medo e insegurança. Silva (1992, p. 6) cita que “a hospitalização, por mais simples que seja o motivo, tende a levar a uma experiência negativa. Os desconfortos físico, moral, espiritual e o medo da morte podem gerar sofrimentos.” Os hospitais são estruturados de modo a facilitar o trabalho dos profissionais, favorecendo um tratamento eficiente a um grande número de pessoas. Assim sendo, os pacientes são distribuídos por unidades de acordo com seu diagnóstico e, então, são submetidos a normas e rotinas rígidas e inflexíveis. Isso favorece um ambiente de solidão e isolamento que gera ansiedade, angústia e insegurança, dentre outros. Segundo Farias (1981, p. 2) "Apesar de ser a hospitalização uma experiência vivenciada individualmente, supõe-se que a maioria das pessoas que se hospitalizam, independendo da idade ou quadro clínico, sejam afetadas pelo estresse. Além do estresse fisiológico produzido pela própria doença, a hospitalização provoca mudanças de ambiente físico e social e, nas atividades diárias do paciente, de modo a afetar todo o seu sistema de vida". Conforme Zind (apud FARIAS, 1981, p. 3), “a hospitalização pode implicar em ameaça ao bem-estar, à integridade física, talvez à própria vida; priva de comportamentos usuais, força mudança de papel e perda do sistema de apoio”. Murray (apud FARIAS, 1981, p. 3) afirma que “A necessidade do paciente de em curto período interagir com várias pessoas estranhas, a expectativa de submeter-se a procedimentos técnicos que lhe são desconhecidos, a sensação de que o seu corpo está sendo manipulado por outros, são eventos ameaçadores.” Ainda, segundo o referido autor, a dependência de outros, a falta de privacidade e identidade forçam o indivíduo a mudar seu papel e assumir padrões comportamentais para os quais não está preparado. E, que o sentimento de perda do sistema de apoio surge em conseqüência da dramática mudança do ambiente físico e da separação de pessoas significativas, junto às quais o indivíduo se sente seguro. O estudo de Takito (1985, p. 45) mostra que
"o fato de pacientes compartilharem a enfermaria com outros pacientes, mostrou [...], que o companheirismo e a ajuda mútua foram mais importantes que a privacidade oferecida pelos quartos. Os pacientes reportam-se uns aos outros como amigos, companheiros, colegas que têm em comum as mesmas dificuldades, e encontravam na presença, no diálogo e entre ajuda, o apoio e a alegria para atender sua necessidade gregária". Volicer (apud FARIAS, 1981, p. 3) diz que, “a experiência de estresse psicossocial, vivenciado na hospitalização, afeta o processo de recuperação da doença”. Observa-se que os hospitais, na sua maioria, não oferecem nenhuma atividade e lazer aos seus pacientes. Desse modo, os pacientes ficam horas e horas inertes no leito olhando para o teto, mergulhados na sua dor, em seus pensamentos e preocupações. Por isso, deve-se proporcionar a esses pacientes algum tipo de lazer, respeitando as condições e preferências de cada um. Henderson (apud BEUTER, 1989, p. 35) comenta que, “a música e o teatro estão sendo levados, cada vez mais, ao alcance dos doentes incapacitados, pela sua divulgação através do rádio e da televisão. Porém, mais importante é a participação dos próprios pacientes em alguma peça musicada ou em drama, sobretudo por eles liderados”. De acordo com Beuter (1996, p. 34) "O hospital deveria ser um centro irradiador de saúde e, como tal, promover, manter e recuperar a saúde das pessoas, dos grupos e da comunidade. Deveria ser um dos objetivos do hospital levar à humanização, oferecendo condições que proporcionem bem-estar durante a hospitalização, propiciando um ambiente mais familiar, mais humano e mais natural, sem que os enfermos precisem abdicar de sua identidade para ser apenas mais um número".

Biblioterapia

Desde épocas muito remotas, tem sido considerada a importância terapêutica da leitura. Entretanto, foi só a partir do início do século XX que a biblioterapia se difundiu nos Estados Unidos. São várias as definições de biblioterapia: para Buonocori (apud ALVES, 1982, p. 55) é “a arte de curar enfermidades por meio de leitura”. Já, Tews (apud ALVES,1982, p. 55) define como sendo “um programa de atividades selecionada envolvendo materiais de leitura planejado, conduzido e controlado para tratamento, sob orientação médica, de problemas emocionais”. Segundo Katz (1992, p. 173), biblioterapia “é o uso dirigido da leitura, sempre com a intenção de um resultado terapêutico”. Rush (apud ALVES, 1982, p. 55) aconselha o uso da leitura como forma de apoio à psicoterapia, não só a doentes mentais, mas para pessoas portadoras de conflitos internos, melancolia, medos, manias ou mesmo para idosos. Para Ratton (1975, p. 206), “A adaptação à vida hospitalar é auxiliada pela participação em grupos de leitura que visam promover o contato entre pacientes e proporcionando-lhes oportunidade de comunicação”. Segundo Alves (1982, p.57), “Na medicina, o livro pode ser muito útil como fonte de recreação para pessoas hospitalizadas ou para informação sobre tratamentos especiais ou cirurgias a que tenham que se submeter”. Pesquisas demonstram que o uso da biblioterapia no tratamento de depressão leve a moderada tem sido efetivo, pois os resultados indicam melhora significativa, tanto estatisticamente, como clinicamente nos escores de depressão após tratamento biblioterápico (SMITH et al, 1997, p. 324). A literatura não deixa dúvidas do quanto é importante a contribuição do livro no processo de educação, profilaxia e cura. Entretanto, para que a biblioterapia possa se apoiar em bases cientificas, é necessário que a teoria seja aplicada na prática, pois só assim pode-se confirmar seus benefícios (RATTON, p. 211). Em relação a esse questionamento, Katz (1992, p. 176) assevera que “Julgamento clínico e satisfação do paciente indicam claramente que o uso de livros é um adjunto útil para muitos pacientes e suas famílias”.
Em estudo realizado por Seitz (2006), a autora constatou que a prática biblioterapêutica contribui no processo de hospitalização tornando-a menos agressiva e dolorosa; na interação biblioterapeuta/paciente/enfermagem, auxiliando o paciente na verbalização dos seus problemas; como fonte de informação, fazendo a ligação do paciente com o mundo exterior; como atividade de lazer, proporcionando momentos de lazer e reduzindo a ansiedade, o medo, a monotonia, a angústia inerente à hospitalização e ao processo de doença e, no processo de sociabilização, uma vez que a leitura pode levantar questões, com as quais ele possa compartilhar e conversar com outras pessoas. São várias as formas que podem ser utilizadas para ajudar o paciente no processo de hospitalização, sendo que a prática biblioterapêutica é uma delas.