terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Hospitalização

A hospitalização, independendo da gravidade da doença, é um processo que causa medo e insegurança. Silva (1992, p. 6) cita que “a hospitalização, por mais simples que seja o motivo, tende a levar a uma experiência negativa. Os desconfortos físico, moral, espiritual e o medo da morte podem gerar sofrimentos.” Os hospitais são estruturados de modo a facilitar o trabalho dos profissionais, favorecendo um tratamento eficiente a um grande número de pessoas. Assim sendo, os pacientes são distribuídos por unidades de acordo com seu diagnóstico e, então, são submetidos a normas e rotinas rígidas e inflexíveis. Isso favorece um ambiente de solidão e isolamento que gera ansiedade, angústia e insegurança, dentre outros. Segundo Farias (1981, p. 2) "Apesar de ser a hospitalização uma experiência vivenciada individualmente, supõe-se que a maioria das pessoas que se hospitalizam, independendo da idade ou quadro clínico, sejam afetadas pelo estresse. Além do estresse fisiológico produzido pela própria doença, a hospitalização provoca mudanças de ambiente físico e social e, nas atividades diárias do paciente, de modo a afetar todo o seu sistema de vida". Conforme Zind (apud FARIAS, 1981, p. 3), “a hospitalização pode implicar em ameaça ao bem-estar, à integridade física, talvez à própria vida; priva de comportamentos usuais, força mudança de papel e perda do sistema de apoio”. Murray (apud FARIAS, 1981, p. 3) afirma que “A necessidade do paciente de em curto período interagir com várias pessoas estranhas, a expectativa de submeter-se a procedimentos técnicos que lhe são desconhecidos, a sensação de que o seu corpo está sendo manipulado por outros, são eventos ameaçadores.” Ainda, segundo o referido autor, a dependência de outros, a falta de privacidade e identidade forçam o indivíduo a mudar seu papel e assumir padrões comportamentais para os quais não está preparado. E, que o sentimento de perda do sistema de apoio surge em conseqüência da dramática mudança do ambiente físico e da separação de pessoas significativas, junto às quais o indivíduo se sente seguro. O estudo de Takito (1985, p. 45) mostra que
"o fato de pacientes compartilharem a enfermaria com outros pacientes, mostrou [...], que o companheirismo e a ajuda mútua foram mais importantes que a privacidade oferecida pelos quartos. Os pacientes reportam-se uns aos outros como amigos, companheiros, colegas que têm em comum as mesmas dificuldades, e encontravam na presença, no diálogo e entre ajuda, o apoio e a alegria para atender sua necessidade gregária". Volicer (apud FARIAS, 1981, p. 3) diz que, “a experiência de estresse psicossocial, vivenciado na hospitalização, afeta o processo de recuperação da doença”. Observa-se que os hospitais, na sua maioria, não oferecem nenhuma atividade e lazer aos seus pacientes. Desse modo, os pacientes ficam horas e horas inertes no leito olhando para o teto, mergulhados na sua dor, em seus pensamentos e preocupações. Por isso, deve-se proporcionar a esses pacientes algum tipo de lazer, respeitando as condições e preferências de cada um. Henderson (apud BEUTER, 1989, p. 35) comenta que, “a música e o teatro estão sendo levados, cada vez mais, ao alcance dos doentes incapacitados, pela sua divulgação através do rádio e da televisão. Porém, mais importante é a participação dos próprios pacientes em alguma peça musicada ou em drama, sobretudo por eles liderados”. De acordo com Beuter (1996, p. 34) "O hospital deveria ser um centro irradiador de saúde e, como tal, promover, manter e recuperar a saúde das pessoas, dos grupos e da comunidade. Deveria ser um dos objetivos do hospital levar à humanização, oferecendo condições que proporcionem bem-estar durante a hospitalização, propiciando um ambiente mais familiar, mais humano e mais natural, sem que os enfermos precisem abdicar de sua identidade para ser apenas mais um número".

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